Jornalistas de cinco rádios comunitárias de Cabo Delgado concluíram que muitos dos problemas que identificam nas comunidades podem não existir da forma como os imaginam. A constatação resulta do workshop de Comunicação para a Mudança Social e de Comportamento (SBCC), realizado esta semana pela h2n em Pemba, no âmbito dos projectos COESO III e AgroVida.
“O que pensamos ser um problema pode, na verdade, não ser. Muitas vezes, o que nos leva a considerar algo como problema são os nossos preconceitos e a forma como interpretamos a realidade. Ou seja, não é apenas a situação em si, mas a maneira como nos aproximamos dela que molda a nossa percepção”, explicou Chale Adamo, jornalista do Instituto de Comunicação Social.
Durante cinco dias, 18 profissionais de Ancuabe, Wimbe, Chiúre, Namuno e Mpharama (Balama) trocaram o microfone pela escuta activa para compreender melhor as prioridades locais. “Antes decidíamos tudo no estúdio. Hoje entendo que escutar vem antes de falar ao microfone”, reconheceu Alima Jamal, da Rádio Wimbe.
Durante um exercício prático, os participantes descobriram que o problema que planeavam abordar já tinha sido ultrapassado pela comunidade. “A nossa proposta parecia até deslocada”, disse Jovenaldo João, da Rádio Ancuabe.
O projecto AgroVida é implementado pela Fundação Aga Khan em parceria com ADPP Moçambique, Gapi, h2n, SmartFarming BV e a Plataforma Multi-Stakeholder, com financiamento da Embaixada dos Países Baixos e da Agência Francesa de Desenvolvimento. Por sua vez, o projecto COESO III é implementado pela Fundação Aga Khan em parceria com h2n e Associação Progresso, com o financiamneto da União Europeia.