Enfermeira alerta que práticas culturais não substituem Consultas Pós-Parto

As práticas culturais podem complementar os cuidados médicos, mas não substituem as Consultas Pós-Parto. A afirmação foi feita pela Enfermeira de Saúde Materno-Infantil (SMI), Tamara Fino, durante um debate promovido pela Rádio Comunitária de Zumbo, no âmbito do projecto Mulheres Felizes e Bebés Felizes (MFBF). O evento teve como objectivo capacitar as famílias a apoiar as CPP sem desrespeitar os costumes locais. Fino alertou que certas tradições podem ser prejudiciais à saúde se não forem adaptadas. Maria Domingos, parteira tradicional, explicou que é importante que as parteiras tradicionais trabalhem em conjunto com as unidades de saúde para garantir que as mulheres recebam os dois tipos de assistência sem comprometer a sua segurança. Outro desafio apontado foi o impacto das crenças religiosas na adesão às consultas. Cross Mumba, líder religioso, mencionou que muitas mulheres deixam de comparecer às CPP por medo do julgamento social ou pela convicção de que a fé as protegerá de complicações. Para ele, os líderes religiosos devem envolver-se activamente na sensibilização das comunidades, promovendo a ideia de que a fé e os cuidados médicos podem caminhar juntos. No âmbito do projecto MFBF, implementado por um consórcio que inclui o Centro Internacional para Saúde Reprodutiva – ICRH-M, h2n e a TV Surdo Moçambique, com financiamento do Governo da Flandres, as rádios comunitárias Zumbo e Marávia, da província de Tete, realizam programas de rádio e actividades de mobilização comunitária para incentivar a participação das mulheres nas consultas pós-parto, desmistificar crenças culturais prejudiciais, promover o diálogo entre prestadores de saúde e líderes comunitários, e reforçar o papel da família no acompanhamento das mulheres durante o período pós-parto.