Após um leve crescimento na percentagem de mulheres nas redacções em 2022, com 28% de representatividade feminina nas redacções, a percentagem estagnou em 2023, retornando aos níveis de 2021, quando as mulheres representavam 27% do total de colaboradores. Essa constatação é do Relatório Anual de Género na Mídia de 2023, elaborado pela h2n no âmbito do projecto Asas e publicado nesta sexta-feira (5 de Abril). As análises são baseadas em dados de 20 jornais impressos, seis órgãos televisivos e 42 rádios comunitárias em todo o país.
Apesar do retrocesso, o relatório aponta para um aumento na representação feminina em termos absolutos, com um incremento de 78% no número de mulheres nos órgãos de mídia, passando de 320 em 2022 para 570 em 2023. “Notamos com satisfação o aumento no número absoluto de mulheres entre 2021 e 2023, o que merece celebração. Porém, a baixa percentagem dessas mulheres nas redações em comparação com os homens indica que ainda há muito trabalho a ser feito para mudar esse cenário”, afirmou Lindsey Partridge, Conselheira, Directora-Adjunta do Alto Comissariado do Canadá em Moçambique, em comentários ao relatório.
Ao analisar a distribuição de género de acordo com o tipo de órgão de mídia, são observadas algumas variações. As rádios comunitárias apresentam a maior proporção de colaboradoras, com 29%, seguidas pelos órgãos televisivos, que revelam uma representação de 24%, enquanto os jornais impressos indicam uma predominância menor, com 21%. Essa tendência tem sido consistente desde o primeiro Relatório Anual de Género na Mídia. “É importante implementar acções específicas para cada tipo de órgão, com especial atenção ao jornal impresso que ainda apresenta muitos desafios”, disse Farida Ustá, Directora de Programas na h2n.
A análise feita mostra que houve um aumento no número de mulheres em posições de liderança. No jornalismo impresso, apenas quatro mulheres ocupam cargos de liderança, em comparação com três em 2022, contrastando com 17 homens. Nas rádios comunitárias, a presença feminina é ainda menor, com apenas nove mulheres em posições de liderança, enquanto na televisão há somente cinco mulheres dirigentes.
“A desigualdade de género nas posições de liderança na mídia é preocupante, pois limita a diversidade de pontos de vista e perspectivas na produção de conteúdos e na tomada de decisões”, comentou Sheynise Muzé, Coordenadora de Mídia na h2n.
O relatório destacou também a inclusão de pessoas com deficiência (PcD) na mídia que ainda representa um grande desafio. A falta de representatividade e atenção dada às PcD, juntamente com barreiras relacionadas à inserção de temas relacionados à sua condição nos conteúdos produzidos, perpectuam lacunas que comprometem a oportunidade de um tratamento mais inclusivo.
O projecto Asas é financiado pelo Alto Comissariado do Canadá em Moçambique e implementado pela h2n.